A Igreja da Misericórdia do Louriçal

Situada na faixa costeira da região centro do país, numa zona de transição entre o Portugal Mediterrânico e o Atlântico, o Louriçal é uma pequena e simpática vila, de gente laboriosa, disposta pelos mais diversos sectores da actividade económica, neste momento em franca expansão, desde a agricultura à indústria, passando pelos serviços.
Sobre a história desta multissecular povoação muito pouco se sabe, seja pela relativa escassez das fontes escritas - muitas das quais ainda por pesquisar, seja, porventura, porque sempre tenha vivido uma existência demasiado tranquila, por vezes abúlica.
A presença do homem nestas paragens remonta, pelo menos, à fase da ocupação romana, indicio que é plenamente confirmado pelo aparecimento de restos de telhas de rebordo, tijoleiras, ímbrices, tijolos de coluna, escórias de ferro, cerâmicas comuns e vidros, atribuíveis àquele período histórico, de um e outro lado da estrada, entre o actual cemitério e a ribeira das Castelhanas.
Durante a época medieval, a primeira referência ao topónimo Louriçal na documentação escrita surge-nos, tanto quanto sabemos, no foral de Leiria de 1142. Num diploma de Março de 1162, referente à doação da mata de Aljazede ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, esta surge-nos delimitada a Sul por una lomba et via puplica que vadit ad portum de Laurizal. Apenas alguns anos volvidos D. Afonso Henriques faz doação da villa a S. Cruz. A povoação possuía já uma igreja em 1203, ano em que o papa Inocêncio III confirma os privilégios concedidos pelos seus antecessores ao mosteiro coimbrão. Entre os seus bens conta-se a igreja do Louriçal. Em 23 de Junho de 1310, os crúzios concedem-lhe carta de foral, mas os habitantes do concelho, apegando-se a um foral mais antigo, outorgado por leigos - em data que não conseguimos determinar, cujos foros lhes eram mais favoráveis, acabaram por entrar em conflito com o prior D. Afonso. A questão prolongou-se e só terminou com a redacção de um novo foral, datado de 21 de Agosto de 1368, onde eram sancionadas as pretensões dos moradores do concelho. A jurisdição do concelho dependia de Santa Cruz no cível e de Montemor no crime, com poder de eleger juiz - ratificado por Santa Cruz - e funcionários dele dependentes.
No reinado de D. Manuel, foi uma das localidades a receber foral novo, em 23 de Agosto de 1514. Ao estabelecer definitivamente a Universidade de Coimbra, em 1537, D. João III deu-lhe o senhorio da vila do Louriçal, bem como o padroado e as rendas da Igreja de S. Tiago, no sentido de prover ao aumento das rendas dos catedráticos.
No século XVIII veio a ser constituído marquesado, sendo seu primeiro titular o 5º Conde da Ericeira, D. Luís Carlos Inácio Xavier de Meneses (1689-1742), espírito de vasta cultura, nomeado por duas vezes Vice-Rei da Índia. O título de Marquês do Louriçal foi-lhe concedido por D. João V em 22 de Abril de 1740. O concelho foi extinto por um decreto de 24 de Outubro de 1855, sendo então incorporado no de Pombal. Situação que se tem mantido inalterável até ao presente momento.

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